sexta-feira, 11 de fevereiro de 2005

|Crise de identidade|

Não sei a quem recorrer.
Não sei quem me representa.
Não sou sem terra.
Não sou desempregado.
Não sou vitima dos abusos contra os direitos humanos.
Não sou metalúrgico.
Não sou capitalista.
Não sou empresário.
Não sou camponês.
Não dona de casa.
Não sou agricultor.
Não sou latifundiário.
Não sou bancário.
Não sou banqueiro.
Só trabalho e estudo.
Acho que tenho tudo o que todo mundo quer e não preciso de mais nada.
Não faço greve.
Não tenho pra quem reivindicar nada.
Não tenho muita escolha.
Só tenho que esperar...
Um dia isso tudo há de melhorar.
São pessoas como eu, que trabalham e estudam, que movimentam o Brasil que não são lembradas por ninguém. Não temos tempo pra sindicatos, não temos tempo para partidos políticos, não temos tempo pra parar o Brasil, somos mantidos ocupados. E assim estamos abandonados, com baixos salários e pagando a conta de quem esta lá em Brasília, nos representando.

Antes do fim:
Mulher, hemorróidas e dinheiro, quem tem não diz.

(Fausto Silva)

Nenhum comentário: