Quando eu ia na casa da minha avó com o ônibus Camaquã pela avenida Padre Cacique, era obrigado a passar em frente ao local em que um dia funcionou uma empresa contrutora de navios. A Estaleiro Só S/A. Empresa esta fundada na metade do século XIX, em 1850, época em que Porto Alegre não poderia ser considerada mais do que uma aldeia. Tratava-se, no entanto, da primeira ferraria e fundição que se tem notícia na capital, estabelecida na esquina da Rua Uruguai com a Praça Montevidéo, no coração de Porto Alegre.
Produziram ferros, sinos para igrejas, tachos de cobre e, durante a guerra do Paraguai, forneceram bocais, estribos e cornetas para o exército em operação. Neste período, parece ter se desenhado a vocação da empresa, que também passou a fazer reparos na frota naval da Marinha Brasileira.
Nas últimas décadas, estabeleceu-se como sociedade anônima, adotando o nome de Estaleiro Só S.A. Depois de já constituído como um estaleiro, produziu mais de 170 embarcações, cerca de 30 modelos de navios, entre eles ferry-boats, navios-tanque, baleeiras, rebocadores, iates e pesqueiros. Seu apogeu ocorreu durante a década de 70, do século XX. Neste período, chegou a contabilizar cerca de 3 mil funcionários.
Nos anos 80, a indústria sofreu um forte declínio, principalmente devido à falta de financiamentos. O Estaleiro Só iniciou, então, um processo de diversificação de suas atividades, abrindo uma divisão de metal-mecânica, destinada à fabricação e pré-montagem de caldeiraria pesada, semi-pesada e leve. Esta iniciativa, que chegou a dar uma sobrevida ao empreendimento, não foi suficiente para mantê-lo ativo nos anos que se seguiram.
A área com mais de 50 mil metros quadrados junto ao Guaíba, na zona Sul da capital, está abandonada desde 1995 após ser utilizada desde meados dos anos 50 para fins privados. Hoje, o que existe no local são as ruínas do Estaleiro, lixo e abandono.
Então alguém comprou a área em um leilão. E provocou a ira de pessoas que querem deixar tudo abandonado do que jeito que esta com o argumento de que irá privatizar a orla do Guaíba. Aquela parte da orla já é privada! É de propriedade de ratos, baratas, cobras e drogados. Sou totalmente favorável de que algo seja construído ali urgentemente. Os novos donos do local querem construir prédios comerciais e residenciais. Vai ficar muito legal. Bem melhor do que as áreas já utilizadas pela iniciativa privada (existem áreas junto ao Guaíba utilizadas pelos times do Grêmio e do Inter).
3 comentários:
privar as pessoas de ver o pôr-do-sol. vai ficar muito legal! bela pesquisa técnica sobre o Estaleiro Só, embasamento político zero!
"privar as pessoas de ver o pôr-do-sol. vai ficar muito legal! bela pesquisa técnica sobre o Estaleiro Só, embasamento político zero!"
Anônimo, com um comentário desses, vc nao tem moral pra falar de embasamento político, pois nao considera a coletividade ! A única visão do sol encoberta pelas edificações, será a das janelas dos moradores que ficarem atrás das mesmas, o que deve ser seu caso... mas para o resto da cidade, existe a opçao da praça, do passeio público, dos bares e restaurantes, da marina e ainda, de adquirir um dos imóveis no empreendimento.
Entao, feche sua boca ou se mude
Não há a necessidade de discutir o futuro da área.
Isso quem decidirá não será um plebicito, e sim, os interesses politicos e financeiros que o prefeito e governador que estiverem no comando possam achar "viável". Tem que ser BOM para a cidade. Tem que dar lucro. Tem que dar emprego, tem que dar viabilidade comercial, enfim, algo planejado. Deixar como está é prejuízo. Um belo parque, com árvores e praça, canchas de esporte... seria ao meu humilde ver, uma opção temporária muito útil e inteligente.
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