segunda-feira, 29 de agosto de 2016

A violência é tão fascinante



Também tenho minha tese sobre a (in)segurança de todo dia vivida pelo moradores de Porto Alegre. Vamos a ela.
Não acho que a segurança esta muito pior do que já foi no passado. Acredito que hoje com Facebook, WhatsApp, Instagram, Snapchat e todas essas tecnologias a divulgação de crimes é muito maior. Depois de acontecer um crime é só questão de tempo para as fotos chegarem no seu celular. Mesmo que você não queira, acabará tendo algum contato com a violência.
Quem não lembra do filme “Cidade de Deus” onde Zé Pequeno queria ter seus feitos divulgados no jornal para alimentar seu ego e se orgulhar de seus crimes. É isso que acredito que vem acontecendo hoje. Os marginais fazem coisas cada vez piores para ter seus feitos divulgados nas mais diversas mídias.
Aliado a isso, temos os formadores de opinião que defendem que a polícia não deve ser truculenta ou violenta. Hoje a polícia não é temida. Ela não usa capacete para estar pronta para o combate. A polícia só reage. Não pode agir. Se agir será julgada e condenada imediatamente. Isso encoraja os bandidos. Encoraja também a justiça a tomar decisões que acabam por favorecer a impunidade. Nossas leis precisam ser revisadas.
O ponto que considero mais grave foi a retirada do direito a se proteger. Hoje não é permitido ao cidadão, caso acho necessário, se armar para se proteger. Não acho que todo mundo deveria andar armado. Mas os bandidos precisariam ter a dúvida. Hoje se sabe que ninguém de bem anda armado. Os marginais não precisam tomar cuidado. Eles não precisam temer uma reação. Já saímos as ruas em desvantagem.
Precisamos pensar com seriedade sobre a iniciativa privada atuar na construção e gerenciamento de presídios. O Estado não consegue mais cumprir com essa demanda. A população precisa pensar seriamente nisso.
Sobre os projetos sociais, estes precisam ser revistos. Me parece que são interessantes os projetos, mas a forma de manter a população integrada a eles não é a adequada. Para continuar participando de programas sociais a pessoa precisa se manter com a renda formal baixa ou inexistente. A pessoa precisa complementar essa renda de alguma forma pois o valor repassado pelo projeto social é baixo. Onde ele pode complementar a renda informalmente? No crime.
Por último, mas não menos importante, temos diferentes pesos para os mesmos crimes. Se uma morte acontece em uma vila da cidade ela não tem o mesmo destaque daquela que acontece em um bairro com renda per capita maior. Talvez a vida perdida na vila “ruim” tenha menos importância que a vida perdida no bairro “bom”.

quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Start: novo jogo



Então chega o dia em que você sabe que teria que enfrentar, mas nunca se preparou efetivamente para aquilo. Estava eu imerso nos problemas habituais do trabalho e o telefone toca.
Ela: Que horas tu vem pra casa?
Eu: Daqui a pouco. Eu acho.
Ela: Vem logo!
Esse vem logo tinha um tom aflito. Quando o vem logo tem tom aflito, tem que ir logo. Eu tinha outra programação para depois do trabalho (academia, shopping). Cancelei. Fui logo.
Chegando em casa sou recebido com a frase: - Não sei como te falar isso.
Eu: Fala falando!
Ela: Olha aqui no celular.
Não faço ideia do que estou vendo. Não sei o que significa.
Ela: É um exame de gravidez!
Eu: E daí? O que diz?
Ela: Estou grávida!
Eu: Parabéns!
Sim. Fui pego de surpresa. Mesmo sabendo que isso poderia acontecer a qualquer momento, fui pego de surpresa. Mesmo sabendo que estava no planejamento estratégico, o projeto não estava orçado. Agora vai ter que ir mesmo sem orçamento.

Fico em dúvida se a vida da gente acaba quando se recebe esta notícia ou se acaba mais pra frente um pouco, quando ela fica fica mais palpável, chora, come e suja fralda. O certo é que a vida que tinha antes da notícia nunca mais será a mesma. Não posso ter o pensamento limitado a no máximo duas pessoas. Tudo vai mudar. A vida da gente passa a ser menos importante. A vida dos outros passa a ser prioridade.