segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Viagem: Rio do Boi



Desde que visitei o Parque do Itaimbezinho e vi a monstruosidade daquele canyon contrastando com aquele minúsculo fio d’água correndo bem lá embaixo, a minha curiosidade para conhecer o Rio do Boi pela parte de baixo foi despertada.


E é de véspera que gosto de decidir esse tipo de passeio. Não gosto de ficar um monte de dias na expectativa. Os melhores passeios sempre acontecem quando se decide rapidamente. E foi na véspera que recebi a mensagem instigante do Marcelo da Trekking Poa dizendo que estava com a minha vaga e só precisava confirmar. Depois de uma rápida negociação em casa (rápida demais talvez) estava confirmado. Em menos de 24 horas eu estaria a caminho de um destino que eu desejava muito ir. Eu teria menos de 24 horas para sofrer com a expectativa, apreensão e o receio de não conseguir completar todo o percurso.


Às seis horas da manhã o micro-ônibus partiu de Porto Alegre com destino a Praia Grande/SC. Chegamos por volta de 10 horas, prepara roupas, mochila de trilha, confere lanche, água, faz cadastro na entrada do parque, recebe instruções da guia (só pode entrar na trilha com guia), alonga e pé na trilha.


Os primeiros 90 minutos de caminhada são no meio da mata. Uma trilha bem aberta (afinal são centenas de pessoas indo e vindo na trilha), com bastante barro, subidas, descidas, bastante barro mesmo. Ao fundo o rio já se fazia ouvir mas não se mostrava. Ao final de um último barranco a ser superado o rio do Boi nos foi apresentado.


Agora mudamos de fase na caminhada. Seguimos acompanhando a margem do rio e atravessando por ele sempre que um paredão impedia que o trajeto seguisse no mesmo lado. As travessias pelo rio são feitas com uma corrente humana. Um segura na mão do outro e se ajuda. Em alguns pontos a correnteza é forte e a água chega na cintura. O piso do rio é de pedregulhos soltos e irregulares. As travessias na água gelada amenizavam o calor, deixando o desafio mais “agradável”. Durante o trajeto o rio nos parabeniza com várias piscinas naturais e cachoeiras com águas transparentes (e geladas). Quanto mais avançamos e mais cansados vamos ficando, mais o local nos presenteia com lindas paisagens.



A sensação de estar cercado de paredes gigantes é indescritível. Você começa a olhar para a parede e ela parece tocar o céu. Eu me senti minúsculo. Se olhando de cima o rio parecia só um fio d’água, de que tamanho eu fiquei mergulhado ali?


Para chegar até o ponto de contemplação demoramos perto de 3 horas de caminhada pelo rio. Foram cerca de 10 travessias. É um ótimo teste para joelhos e tornozelos. A atenção máxima é indispensável. Mais leve por ter chegado ao final da trilha o desafio era conseguir fazer todo o trajeto de volta cansado. Não se tem muito escolha é preciso fazer o trajeto de volta antes da noite chegar.


Pra mim a volta foi bastante difícil. As minhas pernas estavam somente repetindo o seu movimento no automático. Quase não conseguia senti-las. Também estava com bastante dor na lombar. Os últimos metros da trilha e o portão do parque pareciam uma miragem que eu não conseguiria alcançar. Cumpri a meta. Posso marcar na minha lista essa tarefa como cumprida. E foi muito bom.